Título:
A Festa
Autor:
Ivan Ângelo
Editora: Geração Editorial
A dinâmica do livro é a de vários contos que
aparentemente não possuem relação nenhuma entre si, mas no final, fazem parte
da mesma história. O contexto é o Brasil dos anos 70, quando havia uma
verdadeira caça aos comunistas e esta caça acabava sobrando para qualquer
cidadão que se mostre um pouco suspeito. A obsessão é coletiva.
O primeiro conto é um anexo dos recortes de jornais
e de documentos sobre um acontecido em Belo Horizonte, no caso, um grupo de
nordestinos se dispersou após incêndio no trem que os levaria de volta para
o nordeste. Nas notícias, aparece a figura de um suposto líder, Marcionílio, e
que o mesmo supostamente já teria tido envolvimento com o cangaço.
No decorrer do livro aparecerão casos aleatórios,
como o de Andréa, uma mulher muito bonita e fútil que acaba se envolvendo com o
artista Roberto, na festa de noivado é exposto que o mesmo é homossexual e o
relacionamento era apenas uma fachada. Também tem o casal Candinho e Juliana,
que quando jovens fizeram um acordo de morrerem juntos antes de chegarem a
velhice, o tempo chegou, mas Juliana não quer morrer, isso será motivo para os
consecutivos ataques do marido. Carlos, um estudante de Economia que estava
presente na hora do incêndio é preso e acusado de ser comunista. Samuel é um
repórter que foi mandado para cobrir o evento, mas acabou sendo morto. Ataíde
deu uma entrevista para Samuel denunciando a covardia do estado para com os
retirantes, o mesmo acaba sendo preso, torturado, chantageado.
Forte como a cena negra da ditadura militar no
Brasil, mas ao mesmo tempo simples e de fácil compreensão como é característica
do escritor Ivan Ângelo, a obra traz as reflexões da intensa geração do século
XX. Não é preciso ser um cientista político ou um intelectual para sentir
revolta perante a covardia, injustiça e o que quer que fira os direitos
humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário