quarta-feira, 26 de março de 2014

Resenha: A Bailarina


Título: A Bailarina
Autor: Pimentel Gomes

Uma publicação póstuma feita pelo filho do autor, que contém onze contos que se passam nos mais diversos lugares do Brasil. O agrônomo Pimentel Gomes, com um estilo alencarino em nova roupagem fez da simplicidade o terreno de sua literatura.
No conto A Bailarina, que se passa no Rio de Janeiro, ele descreve com um olhar fenomenológico a dança da bailarina romena no Cassino da Urca, algumas palavras em romeno conquistam a bela moça. Ceticismo Amoroso é outro conto que cativa o leitor pela sua sensibilidade e romantismo, o Dr. Vieira conta a sua história de amor com Jurema e de como esta decepção amorosa fez com que ele desacreditasse totalmente no amor.
Em Alucinações, o conto é escrito em forma de diário; um psicótico que há dez anos deixou o sanatório casa-se com uma viúva e começa a se ver perseguido pelo marido morto da esposa.
O Tesouro, O Professor Andrade e O Frade são contos que se passam no interior do Ceará. O primeiro é o maior conto do livro e narra como Manoelita, a filha de um fazendeiro que era tida como santa nas redondezas do Vale do Acaraú, mobiliza a todos para uma expedição no morro Pelado, onde há uma botija enterrada com ouro e joias. A santinha se diz guiada por Santa Teresinha que quer o utilizar o tesouro para levantar uma grande igreja em sua homenagem.
Em O Professor Andrade o narrador-personagem é um menino que ama as possibilidades que a vida no sertão, com sua exuberante liberdade, pode lhe proporcionar. Ele não quer estudar, mas o pai diz que ele tem de ir, pois quer fazer dele um doutor. Na pequena escolinha, ele conhece um professor apaixonado pelo conhecimento.
O Frade é a narração de uma lenda. A famigerada lenda de como surgiu a Pedra do Frade, na Itapajé, “cidadezinha pitoresca, encaixada no coração da erodida serra de Uruburetama”. O virtuoso frade espanhol D. Gaspar de la Madre de Diós começa a se sentir muito perturbado com a chegada de D. Dulce, a filha de um fidalgo espanhol que acabou de chegar à cidade. O amor que havia deixado no passado ressurge tirando do clérigo a rotineira paz que sempre o acompanhava, até que não mais suportando, resolve subir sem rumo a serra, subir, subir sem parar até que algo inacreditável acontece.
Os outros contos que não foram citados aqui não são menos importantes. Pimentel Gomes dá muito destaque aos lugares que se revelam nos contos, para quem é da região norte do Ceará, é algo valiosíssimo. Não é um regionalismo piegas, antes é uma literatura original e da boa! Rapidinho se lê.
Boa Leitura!

Boa Aventura!

domingo, 23 de março de 2014

Resenha: O Lado Bom da Vida.




Título: O Lado Bom da Vida.
Autor: Matthew Quick


Pat Peoples acabou de sair de um hospital psiquiátrico e não se lembra do que aconteceu nos últimos quatro anos de sua vida.

Separado da esposa Nick, ele volta a morar com os pais, mas continua obcecado por ela e espera ansiosamente para que termine o que ele chama de “o tempo separados”.

Viciado em exercícios físicos e em sempre ver o lado bom da vida, Pat luta pela atenção do pai, cuida da mãe que se sente fragilizada pelo tipo de relação que leva com o seu marido que possui variações de humor de acordo com o placar final dos jogos dos Eagles, vai a jogos de futebol americano com o irmão Jake e vários amigos que faz durante esses jogos além de Cliff, seu terapeuta que também é amigo e torcedor.

Também há Tifanny com quem corre todas as tardes e com  que participa de uma apresentação de dança. Tifanny também toma remédios e vai ao terapeuta, assim como Pat ela tenta superar uma separação, só que no seu caso, seu marido morreu e ela se sente culpada.

Pat obcecado em reconquistar Nick, nem percebe que Tifanny está apaixonada por ele e que tem muito mais coisas em comum do que teriam com qualquer outra pessoa.


É um livro que trás uma mensagem super inspiradora de se realmente ver  lado bom da vida, e de que nem sempre as coisas terminam do modo que a gente quer, apesar de terminarem bem, que devemos as vezes abrir mão de algumas coisas para poder nos libertarmos e finalmente conseguir escrever uma nova história.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Resenha: Amar, Verbo Intransitivo





Título: Amar, Verbo Intransitivo
Autor: Mário de Andrade
Editora: Agir

Nem romance, nem conto, idílio. Este foi o gênero escolhido pelo autor para classificar o enredo onde Elza, uma alemã de trinta anos, será contratada pelo Sr. Sousa Costa para iniciar seu filho Carlos na arte do amor. Qual o emprego dela? Ela é professora de amor. Uma alemã contratada pelas famílias burguesas no Rio de Janeiro do século XX, aparentemente como governanta, mas que terá toda uma didática para transformar rapazolas em verdadeiros homens bem instruídos para as intempéries da vida.
O objetivo da protagonista é juntar dinheiro suficiente para voltar à Alemanha e arrumar um bom casamento. Cada passo daquela que trabalha com o título de Fraülein é cercado por um ensaio acerca do povo alemão em comparação com o povo brasileiro. Costumes opostos, naturezas opostas, literatura alemã, jogos de sedução e a dor da separação vivida pelo rapaz são alguns dos elementos encontrados no texto.
Mário de Andrade causou muito escândalo com tal livro lançado no auge do modernismo, o vocabulário também é um pouco estranho ao nosso século, mas a narrativa é interessante e original.

Citações:


A felicidade é tão oposta à vida que, estando nela, a gente esquece que vive.


O corpo tem muito mais memória que o espírito, não é?

sábado, 15 de março de 2014

Resenha: A menina que roubava livros


Livro: A Menina que Roubava Livros
Autor: Markus Zusak.


Há 5 anos eu comprei o livro: A menina que roubava livros. Não sei por que motivo, razão ou circunstância... mas ao folhear a revista Avon, me deparei com ele,  e sabe quando não é a gente que escolhe o livro, sim ele que escolhe a gente? Acho que foi isso que aconteceu.

Eu comecei a lê-lo mais uma vez... pela terceira vez já e essa foi a vez mais incrível. É muito legal fazer isso, por que a cada re-leitura a gente encontra novos detalhes na história que passaram desapercebidos da primeira vez.


Liesel é uma menina que tem um grande amor pelos livros, isso talvez se deva ao fato de ela ter achado um, logo após o enterro de seu irmão e por isso livros a façam lembram dele, assim como de sua verdadeira mãe, mas no decorrer da narrativa vemos que os livros se tornam cada vez mais uma necessidade na vida dela.


A estória se passa na Alemanha nazista, começa um ano antes de explodir a primeira guerra e em meio a seus estudos da meia noite com o pai adotivo Hans, as palavras vão ganhando vida... por que sim, ela meio que roubou o primeiro livro ( Manual do Coveiro) sem nem ao menos saber ler.


E ela briga na escola, brinca com os amigos na rua, leva sovas da Irmã Maria, limpa o cuspe que Holtzapfel lança na porta da frente de sua casa, enrola cigarros com Hans, o ouve tocar acordeão, sua familia esconde um judeu no porão, leva e trás roupas lavadas e passadas para as casas nas quais Rosa Hubermann, sua mãe adotiva trabalha... e ainda rouba livros, coisa que se torna um hábito no decorrer do tempo.


Mas não é só de roubo o seu suprimento literário, ela também ganha 2 no Natal de seu pai, mas também rouba um de uma fogueira que os nazistas fizeram... e em meio a luta pela sobrevivência, Liesel Meminger vive grandes aventuras com o garoto que se pintou de carvão por que queria ser Jesse Owens, chamado Rudy Steiner e vários outros personagens que surgem durante o livro.


Minha vontade de ler de novo surgiu não só por que é uma estória muito boa, mas também por causa do lançamento do filme que vai acontecer no final desse mês.


Pra mim Liesel é uma representante de um tipo de leitor, aquele leitor que faz de tudo para conseguir uma boa estória para ler, uma guerreira na vida, mas que tem sua base emocional nos livros, aquele leitor que não tem uma estante abarrotada, mas que sempre que pode compra um livro novo, ou ganha... ou rouba.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Resenha: Água para elefantes.



Livro: Água para elefantes.
Autora: Sara Gruen.


O modo como Sara Gruen, autora do livro, descreve os cenários, é incrível, cada cena se materializa diante de seus olhos, pelo menos foi assim que aconteceu comigo.

Sob a narrativa de Jacob Jankowski já idoso, com todas as suas limitações e pensamentos melancólicos sobre sua situação frágil e rotineira, é que conhecemos o Esquadrão Voador do Circo dos Irmãos Benzine – O maior espetáculo da Terra.

Todas a suas lembranças da juventude vem à tona, quando um circo chega na cidade e Jacob ao o ver de sua janela recorda o que viveu desde que seus pais morreram, sua saída da faculdade de veterinária, sua entrada num vagão de trem – que depois descobriu que era de um circo – até sua história de amor com Marlena e Rose, a elefanta e de suas desavenças com Augus e Tio Al.

Jacob se torna o novo veterinário do circo, cuidar dos animais se torna uma missão, um compromisso com seu pai.

O toque especial do livro é a nostalgia vivida por ele, a questão do tempo ter passado, a saudade, o “abandono” de seus filhos e suas lembranças vivas e intactas, nos leva a pensar nas condições do que é ser idoso e que tudo o que você viveu, agora farão parte apenas de um passado longínquo de disposição e imponência da juventude.

Também há denúncia de maus tratos aos animais de circos e o drama dos próprios trabalhadores, como a falta de pagamento e o quanto é triste para todos quando um circo fecha e perde tudo para outro.


O livro tem o mesmo ritmo do começo ao fim, a autora consegue prender bem nossa atenção, e ao final quando fechamos o livro, temos uma positiva sensação, porque percebemos que mesmo em meio a situações adversas, quando lutamos pelo que acreditamos, a vida se transforma em literatura e que as dificuldades nos levam sempre a um objetivo maior.

sábado, 8 de março de 2014

Resenha: A Breve Segunda Vida de Bree Tanner.



Título: A Breve Segunda Vida de Bree Tunner.
Autora: Stephenie Meyer.


Bom, a Breve segunda vida de Bree Tunner, narra os fatos sob a visão de Bree... a vampira recém criada que para quem assistiu/leu Eclipse - Saga Crepúsculo, sabe que é aquela vampira que a Bela sentiu pena no final, que queria que ela se juntasse ao clã dos Cullen, o que não foi possível e seu fim foi trágico como o dos outros de sua raça, graças aos Vulturi.

A leitura até que é legal... e ela não é como os outros que também foram transformados para formar o exército de Victória, ela é esperta e sabe sobreviver em meio aos demais sedentos por sangue, briga e confusão.

Ela fez amizade com um também vampiro, chamado Diego – que também é do bando, porém um pouco mais velho -  ela não está acostumada com gentilezas, por isso fica meio com o pé atrás com relação a ele... mas eles vão se tornando amigos e estão dispostos a esclarecerem algumas coisas que estão por trás dessa onda de criação de novos vampiros.

Sobre a origem do blog


Uma vez eu estava no Facebook e encontrei um evento de troca de livros super bacana que acontece em São Paulo e pensei, por que não fazer um também em Fortaleza?

Trocar coisas vem de uma ideologia de negação ao comércio, lucro... enfim, capitalismo. Decidimos então começar pelos livros, mas quem sabe nas próximas edições a gente começar a trocar também roupas, calçados e talvez até discos, como um cara nos sugeriu.

Diferente do que acontece nas transações comerciais, onde eu dou o dinheiro ao vendedor, recebo meu produto e saio muitas vezes friamente, sem dar um bom dia ou mesmo um sorriso de agradecimento e ele a mesma coisa, trocar objetos nos aproxima, nos socializa, conversamos com o futuro dono do nosso produto sobre as qualidades reais que se tem em adquirir um livro por exemplo, contando um pouco de sua história, sem se preocupar em convencê-lo a levar e sim em mostrar o quanto gostou daquela história e que a pessoa talvez também vá gostar tanto quanto você.

Apesar de a gente as vezes pensar que não dá pra viver fora do capitalismo, conseguimos burlá-lo sim, as vezes, afinal o que não necessitamos mais, por que deixar em casa entulhando nossos guarda-roupas, estantes e armários? Tendo várias pessoas que com certeza usariam o que pra você não é mais útil de forma criativa e inovadora, até porque pra começar a brincadeira alguém teve que comprar o livro.


Nosso primeiro encontro não deu nem 50 pessoas, mas acredito que com uma divulgação maior a gente consiga alcançar um público que tenha essa mesma ideologia ou mesmo vontade de renovar suas leituras de um jeito mais barato e ainda fazer um bem a alguém.

Por conta desse projeto criamos este blog, para falar um pouco mais sobre livros... faremos resenhas, entrevistas, cobertura de eventos...Contando um pouco sobre os livros que estamos lendo, sobre as bibliotecas que frequentamos e sobre as livrarias que visitamos, sem contar nos sites de compras online e sebos, enfim, tudo o que estiver relacionado ao mundo literário. :)