quinta-feira, 17 de abril de 2014

Resenha: A Festa


Título: A Festa
Autor: Ivan Ângelo
Editora: Geração Editorial

A dinâmica do livro é a de vários contos que aparentemente não possuem relação nenhuma entre si, mas no final, fazem parte da mesma história. O contexto é o Brasil dos anos 70, quando havia uma verdadeira caça aos comunistas e esta caça acabava sobrando para qualquer cidadão que se mostre um pouco suspeito. A obsessão é coletiva.
O primeiro conto é um anexo dos recortes de jornais e de documentos sobre um acontecido em Belo Horizonte, no caso, um grupo de nordestinos se dispersou após incêndio no trem que os levaria de volta para o nordeste. Nas notícias, aparece a figura de um suposto líder, Marcionílio, e que o mesmo supostamente já teria tido envolvimento com o cangaço.
No decorrer do livro aparecerão casos aleatórios, como o de Andréa, uma mulher muito bonita e fútil que acaba se envolvendo com o artista Roberto, na festa de noivado é exposto que o mesmo é homossexual e o relacionamento era apenas uma fachada. Também tem o casal Candinho e Juliana, que quando jovens fizeram um acordo de morrerem juntos antes de chegarem a velhice, o tempo chegou, mas Juliana não quer morrer, isso será motivo para os consecutivos ataques do marido. Carlos, um estudante de Economia que estava presente na hora do incêndio é preso e acusado de ser comunista. Samuel é um repórter que foi mandado para cobrir o evento, mas acabou sendo morto. Ataíde deu uma entrevista para Samuel denunciando a covardia do estado para com os retirantes, o mesmo acaba sendo preso, torturado, chantageado.

Forte como a cena negra da ditadura militar no Brasil, mas ao mesmo tempo simples e de fácil compreensão como é característica do escritor Ivan Ângelo, a obra traz as reflexões da intensa geração do século XX. Não é preciso ser um cientista político ou um intelectual para sentir revolta perante a covardia, injustiça e o que quer que fira os direitos humanos. 

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