terça-feira, 7 de outubro de 2014

Resenha: Arte e Ciência de Roubar Galinhas

                   



               
Título: Arte e Ciência de Roubar Galinhas
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Editora: Códice 
Ano:2008


Crônicas litorâneas nas quais o autor narra a vida na ilha de Itaparica. São textos que contém um tom apurado de ironias. Dá para perceber-se contudo o amor que Ubaldo tem pelos animais e pela vida itapericana, calma ou preguiçosa? Há também os casos e personalidades do lugar. As queixas do autor por ser cobrado como autor (O homi culto da cidadi). As crônicas reunidas nesse volume datam de 1984-1986 e por apresentarem uma linguagem bem atual, eu tentava - embora com uma taxa de insucesso elevada - imaginar tudo naquela época,daquele jeitinho.
Enfim,  crônista é justamente aquele que faz a gente ver as coisas com outros olhos, que tem esse olhar de assombro continuo, que nos surpreende. E foi isso que eu vi nesse livro, as vezes várias estórias eram contadas numa mesma crônica, como se para que o apetite fosse aumentando, imaginando no que daria aquilo.

        CITAÇÕES:      " Deus não foi eleito e quem acredita nele dentro de uma estrutura doutrinária, como a da Igreja e do cristianismo em geral, tem de acreditar sem discutir - discutir  é outra transação. Nem a Igreja - cujo Estado-sede é uma monarquia - é democrática, nem é assim que funciona. No dia em que os dogmas da Igreja puderem ser alterados como numa conversão do Partido Republicano, elaborando-se uma plataforma "por vontade da maioria", então não é Igreja: é clube."
pág.99


"Aqui na ilha, invento uma praga, nova todos os dias, para rogar contra os caras que fabricam, vendem e instalam os sistemas de som que transformaram todos os carros baianos em trios elétricos."      pág. 135

"Qual será a pena para quem for pegado destruindo caixas de som a tiros de rifle?"
pág.137

"    -Vai tomar um surra de cipó-caboclo, descarado! -gritou Ioiô, entrando no galinheiro e descendo a primeira lapada no lombo de Abelha.
-Que é isso, pai? Ai! O senhor também roubava galinha no seu tempo!
-Roubava, mas nunca me pegaram! Descarado! Vergonha da família, moleque safado!"

pág.212


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